segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Aproveitando uma viagem...



Para aproveitar uma viagem, é preciso estar aberto às experiências novas e mudanças de rumos, que ás vezes ocorrem durante um percurso ou programa pré-estabelecido.

Foi numa destas oportunidades únicas que conheci a Serra da Capivara, e olha que quando sai de São Paulo em julho de 2003, eu nem pensava em visitar o lugar. O destino sempre foi os arredores de Oeiras-PI, para nos juntarmos aos religiosos da região num programa social que durou um mês de trabalhos, incluindo a viagem de ônibus com cinco dias de duração. Mas isso já é uma outra história... O que importa é que o trabalho foi feito e como ninguém é de ferro tivemos algumas folgas.

Justamente numa destas poucas folgas, decidimos viajar mais de 500km, com um motorista que não sabia o caminho, para conhecermos o Parque Nacional da Serra da Capivara. Até hoje, sempre que vejo uma nova matéria ou artigo sobre a ocupação das Américas, vem logo à cabeça a lembrança deste, que é sem dúvida um marco de luta e esforço pessoal para a preservação de um dos mais importantes sítios arqueológicos mundiais, reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial.

Sob a administração da antropóloga Niéde Guidon, a Fundação Museu do Homem Americano mantém com muita determinação este lugar com evidências de que, possivelmente, as primeiras ocupações por Homo sapiens nas Américas possa ter ocorrido muito antes, e de forma muito diferente, do que diz a principal teoria da ocupação pelo estreito de Behing.

Mas não é só da antropologia, pinturas rupestres e vestígios pré-históricos a razão de existência do Parque, ótimo destino para os amantes do ecoturismo, existe lugares com belezas naturais diversificadas e pouco imaginadas em um local tão árido como o Piauí. A fauna e a flora são bem adaptadas às condições climáticas locais, mas são as formações geológicas que mais chamam a atenção, a mais curiosa e conhecida é a Pedra Furada, que como o nome já diz é uma enorme rocha, com um grande furo com sua formação atribuída às ações do vento.

Mas o que quero mesmo compartilhar desta experiência é o fato de que eu poderia ter “aproveitado” aquela folga para ficar a beira da piscina me refrescando e jogando conversa fora, que convenhamos no sertão do Piauí é muito bem vindo, mas ao invés disso me juntei a algumas poucas pessoas, uma pequena parte do grupo que durante horas viajou para conhecer algo que faz diferença até hoje na minha memória.

Tenho feito algumas viagens por aí afora, mas poucas como esta evoca uma lembrança tão boa de ter realmente aproveitado uma grande oportunidade de viagem, para conhecer um pouco mais do nosso país. Mas é necessário estar atento para realmente aproveitar.


Lógico que o aproveitamento varia muito, e os que ficaram na piscina curtiram e aproveitaram ao seu modo e com certeza também têm boas lembranças, da piscina...

sábado, 17 de janeiro de 2009

Para quem tem olhar de turista, uma dica de leitura...

Uma narrativa de Marco Polo descrevendo detalhes das mais diferentes e inimagináveis cidades, e suas peculiaridades.


Cidades Contínuas 1

“... Ninguém pergunta para onde os lixeiros levam os seus carregamentos: para fora da cidade, sem dúvida; mas todos os anos a cidade se expande e os depósitos de lixo devem recuar para mais longe; a imponência dos tributos aumenta e os impostos elevam-se, estratificam-se, estendem-se por um perímetro mais amplo. Acrescente-se que, quanto mais Leônia se supera na arte de fabricar novos materiais, mais substancioso torna-se o lixo, resistindo ao tempo, às intempéries, à fermentação e à combustão. É uma fortaleza de rebotalhos indestrutíveis que circunda Leônia, domina-a de todos os lados como uma cadeia de montanhas...”

CALVINO, Ítalo. As cidades invisíveis. Companhia das Letras, 1990 Iª ed. [Le città Invisibili, 1972].

Nem tão invisíveis assim... Com este pequeno trecho dá para ter certeza que você já viu, esteve ou ouviu falar de alguma delas... Ou não???

domingo, 4 de janeiro de 2009

PENÉLOPE (em memória)




Incrível como os animais realmente fazem parte da família. Lembro-me como se fosse hoje quando fomos pegar a Penélope em um dia de janeiro de 2000, foi como buscar um recém nascido na maternidade, além dos preparativos para a recepção em casa, como onde dormir, brinquedos e utensílios para comer, tinha a parte de saúde com as vacinações que foram providenciadas cada uma na época certa.

Penélope sempre será uma cachorra especial. Filhote de um pastor alemão com uma pastora belga, herdou os padrões de cor do pai e o porte da mãe, simplesmente linda. Inteligente, aprendeu rapidamente os primeiros comandos para sentar e deitar, nada que outros cães não pudessem aprender, mas ela aceitava-os por prazer, parecia sorrir quando era solicitada para algo que podia cumprir, sem falar na felicidade ao receber a recompensa, que nem sempre era em comida, adorava um carinho embaixo do pescoço e no peito. Sem falar que adorava um novo desafio, normalmente tinham novos comandos para aprender e ela como sempre correspondia com o que era para ser feito.

Como qualquer cão adorava passear, mas nunca vi um cachorro que gostasse mais que ela de andar no carro. Era uma festa poder entrar e se sentar no banco de trás com a cabeça para fora observando o que passava na rua, interagia de verdade com o mundo lá fora e nunca avançou em ninguém, nem do carro e nem a pé, apesar do tamanho era carismática e dócil.

Com o tempo infelizmente me afastei deste ser maravilhoso, as responsabilidades da faculdade e do trabalho com muitas viagens me fizeram ficar longe e meu pai assumiu os cuidados com a pastora e os outros três cães que se juntaram á família, que já não tem a presença física da Penélope. Mas que como qualquer ente querido que passa por nossas vidas, a lembrança é o que de melhor deixou da convivência, de quase nove anos, com este membro da família que nos deixa muitas saudades.

Que esteja no céu dos cachorros...