domingo, 21 de fevereiro de 2010

Boas lembranças

Como é bom relembrar a infância, principalmente quando se teve avós.

Todo mundo já ouviu dizer que avós são como segundos pais, mas vocês devem concordar comigo que tem uma grande diferença, eles não são castradores, aliás ao contrário, são quase transgressores... Enquanto o pai e mãe têm aquele papel de educar com disciplina e ordem, os avós nos dão liberdade e deixam com que a nossa imaginação extrapole a realidade. Com os avós tudo é lúdico, o que é muito melhor. Claro que tenho ótimas lembranças da infância com meus pais também, mas é a saudade que tenho dos avós que me faz voltar a esta época.

Lembro como se fosse hoje de como minha avó paterna a D. Glória, como chamávamos, me ensinou a ler e escrever. Nós trocávamos cartas. Agora imaginem um menino com 4 ou 5 anos no máximo sendo incentivado a escrever cartas para a avó, foi assim que conheci as primeiras letras, comecei a formar as primeiras palavras e depois as frases, além de aprender dobraduras para compor os envelopes. Aí a maior surpresa, quando entrei no pré-escolar já estava apto para ir ao primeiro ano, infelizmente minha idade não permitiu. Mas este foi o primeiro grande impacto causado por esta avó, uma portuguesa com certeza... D. Glória era uma pessoa iluminada, com uma paciência, tolerância e senso de justiça sem igual. Alguns valores que tento ter como base. Quando ela faleceu, escrevi um pequeno poema em sua homenagem, o Soneto à Glória.

Já com a minha avó materna era diferente. Carioca de nascimento, passou praticamente toda a vida em Três Corações – MG, local onde usufruí de várias férias colhendo frutas direto das árvores a aprendendo o valor das coisas da terra. Praticamente tudo o que se comia vinha da horta e do pomar, além disso, tinham as galinhas que nos davam os ovos e a carne, que no final do ano era de porco, que era engordado durante o ano inteiro e depois compartilhado em família nas festividades. Mas voltando a avó, Dona Cira era a típica matriarca, daquela que decide tudo mesmo, perspicaz e trabalhadora, seja fazendo seus maravilhosos doces caseiros ou dando uma benção, sempre estava empenhada em alguma atividade do lar. Criou todos os filhos, dezenas de netos, bisnetos e até tataranetos com muita garra e com certeza foi um ótimo exemplo também.

Já entre os avôs, infelizmente não conheci o materno, Sr. Anselmo, mas em compensação tive a felicidade de ter o Sr. Antônio ao meu lado até os 28 anos. Este sim é, junto com meu pai, a pessoa que muito me influencia até hoje, não tenho dúvidas disso. Este português ex-sindicalista era um incompreendido e lógico tinha lá seus defeitos, mas não posso negar que grande parte de todas aquelas pequenas felicidades do dia-a-dia, da minha infância e adolescência foram compartilhadas com ele. Ceramista de profissão, o cara tinha uma habilidade manual sem comparação, fazia vasos, esculpia em concreto, madeira e barro, fazia todos os reparos e uma vez por ano pintava toda a casa em um ritual único. Metódico e teimoso, resolvia as coisas com uma facilidade que beirava a frieza, era realmente muito prático.

Foi o Sr. Antônio que me ensinou a plantar árvores, com ele plantei algumas das que temos até hoje em casa, foi também com ele que aprendi a usar o alicate, o martelo e o serrote, ferramentas fundamentais para um homem de verdade. Hahah...

Agora, lembra aquela história de transgressão? Desde pequeno tenho uma paixão pelas duas rodas, e foi ele que me iniciou nas motorizadas, lembro como se fosse hoje.Neste dia inesquecível, ele me chamou na casa dos fundos onde vivia e disse para me preparar, pois iríamos ao banco, coisa que fazíamos sempre, mas com dia marcado, enfim. Tomei um banho, e fomos os dois de ônibus, ao chegar ele tirou um papel do bolso com um valor anotado, a moça pediu-lhe que assinasse um documento e retornou com uma quantia de dinheiro que nunca tinha visto ao vivo na minha vida. Daí fomos de taxi á uma loja da Caloi e logo pensei que ia ganhar uma bike nova, mas para a minha surpresa ele falou para eu escolher uma cor para a Mobillete que fomos comprar. Lógico que adorei a surpresa, mas meu pai nada contente ficou furioso e chegou a acusar ele de querer me matar no trânsito, mas a transgressão já estava feita e eu adorei. Hahah... Resumindo demorei três meses para poder sair com a motinha, como a chamava, e mesmo assim com restrições do meu pai. Paciência!!!

Enfim, estas são só algumas das coisas que me lembro dos meus avós, poderia escrever um livro de memórias, mas o que quero compartilhar, é a felicidade de ter crescido com tanta diversidade, que me deram referências para me transformar no que sou e reconheço que devo muito a eles.

À D. Glória e D. Cira e ao Sr. Antônio, que estejam em descanso.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Quem nunca teve um sonho realizado?

Diga aí, quem nunca teve um sonho realizado?

Um simples sonho do tipo ter uma bike, completar um curso, aprender a tocar um instrumento, sei lá... sonhos gente, sonhos...

Como é bom realizar sonhos!!! Tem aqueles pequenininhos que podemos realizar diariamente, mas que nos dão gás para realizar os quase impossíveis, que exigem grandes esforços e planejamento... Tem aqueles que não podemos medir, e os mensuráveis que custam dinheiro sabe??? E por aí vai...


Sonhos são assim, variam no tamanho, esforço, forma, preço e de pessoa para pessoa. E tem mais, podem ser repetidos!!! Imaginem que duas pessoas podem ter os mesmos sonhos, como uma casa, filhos... E conseguir realiza-los!!!

Então!!! Estes são os melhores, os que realizamos independente do tamanho, cor, forma, cheiro ou preço... os realizados são sempre os melhores, podem ter certeza...

De um realizador...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Em algum lugar de São Paulo!!!


Em algum lugar de São Paulo encontra-se os rios não poluidos da capital... Rios limpos??? Em São Paulo, capital??? Mentira!!!

Parece mesmo mentira, mas não é. Por incrível que pareça, a São Paulo do rio Tietê, que apesar dos esforços para despoluição é um símbolo do descaso com os recursos hídricos, ainda tem rios com águas tão límpidas que parece estarmos fora da capital, aliás não é difícil neste lugar escapar nas conversas algo como " lá em São Paulo...", por esquecermos mesmo ou até não acreditarmos que estamos na dentro da grandiosa Sampa.

Onde será que encontramos isso na São Paulo da poluição dos recursos hídricos, da poluição sonora, da poluição visual, da poluição do ar??? Fala você mais um tipo de poluição, pode ter certeza que em São Paulo existe também... Mas deixemos esse negócio de poluição de lado, aliás este texto já está com muita poluição escrita para o meu gosto, hauahua !!! Vamos ao que interessa...

O lugar que falo é a Área de Proteção Ambiental (APA) Capivari-Monos, que está no extremo sul da cidade e é uma área importante e estratégica quando falamos de recursos naturais, e principalmente recursos hídricos. Nesta Unidade de Conservação podemos encontrar matas primárias, aldeias indígenas e rios limpos como o Capivari e o Monos, que dão nome a APA e alimentam com água de ótima qualidade uma das principais bacias hidrográficas da cidade.

O que também infelizmente ocorre é que neste lugar encontramos péssimos indicadores em ralação a educação e geração de renda, há muitos loteamentos irregulares e as invasões fazem com que as áreas da APA e do entorno sejam mutiladas gradualmente, fazendo com que o adensamento demográfico seja uma das principais preocupações para o ambiente. Mas isto pode ser revertido se justamente estes recursos naturais e alguns culturais, não citados, forem vistos como potenciais turísticos e de geração de renda para região, algo que é real e já acontece de forma crescente.

Sendo assim visite o lugar, contrate um guia da região, coma um lanche por lá e compre um artesanato de lembrança, traduzindo, colabore com o desenvolvimento sustentável fazendo turismo e lembre que com isso, os moradores podem se orgulhar de viver em um local como este e, ainda mais , sejam multiplicadores da ideia que vale muito mais estes recursos preservados do que degradados.

Boa visita...

terça-feira, 31 de março de 2009

O encontro de dois amigos brasileiros - * Por Felipe Souza

Fazia mais de cinco anos que os dois não se encontravam. Amigos de infância, a dupla escolhera caminhos diferentes para suas vidas: um acabara de retornar do Estados Unidos, onde concluiu sua pós graduação; o outro havia se formado em uma universidade pública de São Paulo e era especialista em plantas medicinais da Amazônia. Atualmente participava de um projeto em parceria com pesquisadores da Europa.
- Vamos lá, conte-me o que têm feito? - perguntou o biólogo questionador.
- Acabei de retornar dos EUA, onde fiz minha pós graduação. E não vejo a hora de pode voltar para lá de novo. Aquilo sim é que país: uma potência mundial, muita riqueza, emprego, desenvolvimento. - respondeu o engenheiro – E você, como anda?
- Eu me formei ano passado em Biologia e estou trabalhando em parceria com pesquisadores ingleses. Em virtude das dificuldades em conseguir financiamento para minhas pesquisas no Brasil, resolvi procurar recursos estrangeiros. - Lá sim eles investem em ciência. É onde se produz conhecimento - explicou.
- E é por isso que são países desenvolvidos. Nos EUA também é assim – comentou o amigo, quase americanizado. Ele retirou uma caneta do bolso, com a qual rabiscou no guardanapo – eles pensam no ciclo em que, se você investe em pesquisa, você produz conhecimento, que produz tecnologia, que melhora a qualidade de vida das pessoas.
O brasileiro, no entanto, não compreendeu qual a relação de ciência e tecnologia com a qualidade de vida das pessoas.
- Como assim? O que uma coisa tem haver com a outra? - questionou.
- Nesses países as políticas públicas estão diretamente relacionados aos setores do conhecimento, auxiliando nas tomadas de decisão em benefício da maioria da população - explicou o gringo brasileiro.
O amigo tupiniquim, empolgado com a conversa, perguntou:
- Então é verdade que o país que investe muito em pesquisa e tecnologia é mais desenvolvido?
- Com certeza. Basta ver os EUA: país desenvolvido e que tem a maior produção de artigos científicos do mundo. É uma relação direta - revelou o recém chegado dos EUA, citando a frase de Oswaldo Cruz: “Meditai se só as nações fortes podem fazer ciência, ou se é a ciência que as faz fortes”.
O especialista em plantas, no entanto, tinha uma grande dificuldade em aceitar o esquema das publicações. No passado havia sofrido fortes pressões para que publicasse vários artigos, mesmo não tendo resultados importantes.
- Nem me fale nessa história de quantidade de publicações. O que importa hoje em dia é publicar, publicar. Quanto mais melhor. Não é quanto melhor, melhor.
- Fazer o quê? Infelizmente essa é a lei imposta. O mais importante é cada um fazer sua parte - ponderou o amigo.
- Sem contar nas pesquisas financiadas por instituições privadas, que exigem resultados práticos, rápidos e não dividem nem um pouco do lucro que conseguem com nossos resultados – comentou bravamente - Veja a empresa que eu trabalho: estamos descobrindo uma substância de uma planta amazônica que poderá curar diversas doenças. E os donos já estão buscando meios de driblar as leis e privar todos dos benefícios, fazendo com que até mesmo os brasileiros paguem pelo remédio - desabafou o brasileirinho.
- Seria tão bom se o Brasil investisse em pesquisas que beneficiassem a sociedade!!! - sonhou alto o engenheiro – eu até retornaria para cá.
- Mas o Brasil está melhorando nesse aspecto né? - disse, referindo-se à conquista do 15 lugar no ranking mundial de produção científica e aos investimentos previstos na recém-criada Política Nacional de ciência, tecnologia e inovação.
- Logo logo seremos desenvolvidos!!! - exclamou ironicamente o “estrangeiro”.
- Será? Acho que o que é desenvolvimento para um, pode não ser para outro. O Brasil tem sua própria história, não dá pra comparar com outros países. Têm suas demandas. Não pode ficar se espelhando nos chamados países desenvolvidos - comentou o saudosista brasileiro.
- Isso é verdade, concordou o amigo. Basta ver o que eles fizeram com suas florestas, seus recursos naturais. Acabaram com tudo – referindo-se aos países do primeiro mundo.
- Pois é, e hoje enviam dinheiro para os países do terceiro mundo preservar o que ainda resta, enquanto poluem à vontade – indignou-se o botânico.
- Por isso eu acho: não há porque ficar chateado pois não somos desenvolvidos – comentou - Esse é o destino do Brasil – conformou-se o gringo brasileiro.
- Eu discordo, acho que devemos ficar orgulhosos de não sermos igual à esses países. Deveríamos construir uma nova concepção de desenvolvimento – retrucou rapidamente o amigo.
- E você acha isso fácil? - perguntou o pós graduado, formado nos EUA.
- Fácil não é. Mas talvez esse seja o papel da ciência e da tecnologia brasileira: descobrir alternativas ao desenvolvimento que existe nos países do primeiro mundo. Não copiá-lo. Pois esse desenvolvimento é o mesmo que extermina suas bases de sustentação – afirmou o amigo patriota.
- Hã? Não entendi.
- Pois é. Você não disse que os EUA são desenvolvidos pois tem muita riqueza? E de onde vem essa riqueza? Pra ter riqueza eles exploram alguém e/ou alguma coisa. E isso nunca tem fim.
- É, acho que agora entendi o que você quis dizer.
- Eu quis dizer que o desenvolvimento buscado e alcançado pela ciência e tecnologia deve ser baseado no respeito ao meio ambiente, à biodiversidade, à vida e às culturas locais. Pois só assim teremos um Brasil livre e dono do seu destino.
- Chega de papo furado, já sonhamos demais. Vamos pagar a conta? - sugeriu o brasileiro americanizado, encerando a conversa pois já estava com dor de cabeça de tanto pensar no assunto.
* Felipe Augusto Zanusso Souza é Biólogo formado na UNESP São Vicente e estudante do curso de especialização em Jornalismo Científico do Laboratório de jornalismo da UNICAMP

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Tem algo melhor que boa música? Sei que tem, mas boa música é bom também... huahua...

Pode parecer mentira, mas foi em um bar que pensei neste novo post. Ahh sei lá, apesar disso sou normal, eu garanto... Também, era de se esperar que surgisse alguma idéia mesmo, ouvindo música da boa qualidade, só podia dar nisso.

O bar era o Ton Ton e a banda a Golden Ass Band (soa estranho, mas é este mesmo o nome). Agora, o que me motivou mesmo, foi lembrar do aniversário de 50 anos da gravadora Motown, quem ouve a Rádio Eldorado sabe do que estou falando... Tá, e o que uma coisa tem a ver com a outra?

Simples, quem aqui nunca ouviu "Superstition", gravada pelo Stevie Wonder ? Então, foi por esta gravadora que vários sons como este foram lançados por artistas que até hoje representam o estilo Motown, com grupos vocais e todo o swing da Soul Music. Para se ter uma idéia do que estou falando, quem não lembra do grupo Jackson 5? É isso mesmo... aquele do Michael Jackson... muuito antes dele virar o rei do pop e criador de Thriller... então, ele foi artista Motown com os irmãos.

Mas voltando ao que interessa, o repertório da Golden Ass é bem escolhido, com sons que agradam aos ouvidos e tiram até os mais tímidos da cadeira (meu caso).... os caras conseguem tocar músicas de variados estilos, que vão desde o rock´n roll do Alice Cooper até o tema de filme da década de 80 como "Footloose", passando pelo som "sujo" do ZZTop, e tudo isso sem perder a personalidade e nem negar a influência do tal estilo Motown, com muitos metais e backing vocals. A prova disso é a interpretação de Superstition.

Vale a pena conferir a agenda dos caras...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Aproveitando uma viagem...



Para aproveitar uma viagem, é preciso estar aberto às experiências novas e mudanças de rumos, que ás vezes ocorrem durante um percurso ou programa pré-estabelecido.

Foi numa destas oportunidades únicas que conheci a Serra da Capivara, e olha que quando sai de São Paulo em julho de 2003, eu nem pensava em visitar o lugar. O destino sempre foi os arredores de Oeiras-PI, para nos juntarmos aos religiosos da região num programa social que durou um mês de trabalhos, incluindo a viagem de ônibus com cinco dias de duração. Mas isso já é uma outra história... O que importa é que o trabalho foi feito e como ninguém é de ferro tivemos algumas folgas.

Justamente numa destas poucas folgas, decidimos viajar mais de 500km, com um motorista que não sabia o caminho, para conhecermos o Parque Nacional da Serra da Capivara. Até hoje, sempre que vejo uma nova matéria ou artigo sobre a ocupação das Américas, vem logo à cabeça a lembrança deste, que é sem dúvida um marco de luta e esforço pessoal para a preservação de um dos mais importantes sítios arqueológicos mundiais, reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial.

Sob a administração da antropóloga Niéde Guidon, a Fundação Museu do Homem Americano mantém com muita determinação este lugar com evidências de que, possivelmente, as primeiras ocupações por Homo sapiens nas Américas possa ter ocorrido muito antes, e de forma muito diferente, do que diz a principal teoria da ocupação pelo estreito de Behing.

Mas não é só da antropologia, pinturas rupestres e vestígios pré-históricos a razão de existência do Parque, ótimo destino para os amantes do ecoturismo, existe lugares com belezas naturais diversificadas e pouco imaginadas em um local tão árido como o Piauí. A fauna e a flora são bem adaptadas às condições climáticas locais, mas são as formações geológicas que mais chamam a atenção, a mais curiosa e conhecida é a Pedra Furada, que como o nome já diz é uma enorme rocha, com um grande furo com sua formação atribuída às ações do vento.

Mas o que quero mesmo compartilhar desta experiência é o fato de que eu poderia ter “aproveitado” aquela folga para ficar a beira da piscina me refrescando e jogando conversa fora, que convenhamos no sertão do Piauí é muito bem vindo, mas ao invés disso me juntei a algumas poucas pessoas, uma pequena parte do grupo que durante horas viajou para conhecer algo que faz diferença até hoje na minha memória.

Tenho feito algumas viagens por aí afora, mas poucas como esta evoca uma lembrança tão boa de ter realmente aproveitado uma grande oportunidade de viagem, para conhecer um pouco mais do nosso país. Mas é necessário estar atento para realmente aproveitar.


Lógico que o aproveitamento varia muito, e os que ficaram na piscina curtiram e aproveitaram ao seu modo e com certeza também têm boas lembranças, da piscina...

sábado, 17 de janeiro de 2009

Para quem tem olhar de turista, uma dica de leitura...

Uma narrativa de Marco Polo descrevendo detalhes das mais diferentes e inimagináveis cidades, e suas peculiaridades.


Cidades Contínuas 1

“... Ninguém pergunta para onde os lixeiros levam os seus carregamentos: para fora da cidade, sem dúvida; mas todos os anos a cidade se expande e os depósitos de lixo devem recuar para mais longe; a imponência dos tributos aumenta e os impostos elevam-se, estratificam-se, estendem-se por um perímetro mais amplo. Acrescente-se que, quanto mais Leônia se supera na arte de fabricar novos materiais, mais substancioso torna-se o lixo, resistindo ao tempo, às intempéries, à fermentação e à combustão. É uma fortaleza de rebotalhos indestrutíveis que circunda Leônia, domina-a de todos os lados como uma cadeia de montanhas...”

CALVINO, Ítalo. As cidades invisíveis. Companhia das Letras, 1990 Iª ed. [Le città Invisibili, 1972].

Nem tão invisíveis assim... Com este pequeno trecho dá para ter certeza que você já viu, esteve ou ouviu falar de alguma delas... Ou não???